Fibras dietéticas são consideradas alimentos funcionais, pois apresentam benefícios para a manutenção da saúde e prevenção de doenças. Podem ser classificadas segundo sua solubilidade em água: sendo solúveis e insolúveis.
Fibras solúveis incluem pectinas, goma guar, mucilagens e algumas hemiceluloses, as quais podem ser encontradas em frutas, vegetais, feijões, aveia, cevada entre outros. Entre as fibras insolúveis encontram-se celulose, hemicelulose e ligninas, encontrados em farelo de trigo, leguminosas e vegetais.
O consumo de fibras do tipo solúvel contribui para a diminuição dos níveis plasmáticos de colesterol e auxilia na normalização dos níveis sangüíneos de glicose e insulina. As fibras solúveis e insolúveis são fermentadas no intestino grosso, promovem efeito laxativo e são componentes dietéticos importantes que podem ser utilizados no controle de desordens intestinais, como constipação (intestino preso), prevenção de diverticulose ou diverticulite.
Ambas são nutrientes importantes na regulação intestinal. Quando ingeridas em quantidades adequadas são benéficas para estimular a laxação normal, promover uma digestão adequada (pois a refeição é processada mais lentamente e a absorção de nutrientes ocorre num período de tempo maior) e conferir sensação de saciedade. As fibras são poderosas ferramentas na manutenção da função do trato gastrintestinal.
O consumo de fibras solúveis também tem sido relacionado com o cálcio. Alguns autores relatam que a oligofrutose e inulina aumentam a captação de cálcio no tecido ósseo resultando em uma melhora da densidade mineral óssea, o que pode ser um potencial fator preventivo da osteoporose. Além disso, dados epidemiológicos têm demonstrado evidências de que o consumo de alimentos com alto teor de fibras pode reduzir o risco de certos tipos de câncer, principalmente, cólon, reto e mama.
Goodman MT et al. conduziram, entre 1985 e 1993, estudo caso-controle com mulheres de várias etnias no Hawaí (japonesas, caucasianas, nativas do próprio Hawaí, filipinas e chinesas). Os resultados demonstraram que o maior consumo de produtos de origem vegetal era seguido pelo aumento da ingestão de fibras e baixo teor de calorias proveniente de gorduras, e que, ao mesmo tempo, tais fatores se correlacionam com o menor risco de câncer de endométrio.
O papel das fibras dietéticas não se restringe apenas à prevenção do câncer: as fibras também atuam no controle do peso corpóreo, dislipidemia, hipertensão, doença cardiovascular, diabetes e melhora da sensibilidade à insulina.
A utilização de fibras, principalmente proveniente de frutas, demonstra bons resultados no controle do peso corpóreo pois ocorre maior sensação de saciedade e menor consumo de alimentos com alto teor energético entre as refeições.
Estudos clínicos e experimentais sugerem que dieta contendo grãos ricos em fibras, frutas e vegetais diminui significativamente a necessidade de medicamento anti-hipertensivo e ajudam a controlar a pressão sangüínea em indivíduos com hipertensão.
O efeito protetor das fibras dietéticas sobre a menor incidência de câncer de cólon e reto, dislipidemias, diabetes e doenças coronarianas independe da característica solúvel ou insolúvel das fibras.
O menor consumo de fibras é sempre substituído com aumento na ingestão de açúcares simples, gorduras saturadas e diminuição no consumo de vitaminas antioxidantes (por exemplo, a vitamina C) e minerais (cálcio). Esses fatores podem promover obesidade, ocorrência de constipação, desconforto intestinal, hemorróidas, hérnia hiatal, doença diverticular, certos tipos de câncer, desequilíbrio no metabolismo dos carboidratos, alterações metabólicas nos níveis de lipoproteínas plasmáticas, diminuição de HDL (colesterol bom) e aumento de LDL (colestreol ruim), e maior suscetibilidade a doenças coronarianas. Não existem dúvidas de que a baixa ingestão de fibras traz, ao longo do tempo, conseqüências indesejáveis à saúde. Conhecendo os benefícios e malefícios das fibras, a recomendação do consumo de dietas ricas em fibras ou suplementos de fibras deve fazer parte do planejamento dietético de indivíduos saudáveis assim como em populações de risco com o intuito de prevenir ou minimizar os riscos de diferentes doenças.
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Imagem: corbis.com